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Wednesday, April 11, 2012

Jerusalém: Centro do Mundo

Desde a antiguidade, Jerusalém, a Cidade Santa, foi imaginada como o centro ou umbigo da Terra. No período medieval podemos observar mapas que retratam de maneira bem clara essa cosmovisão. Segundo Alexander, estudioso do Centro de Estudos Judaicos de Oxford, "a primeira referência clara a Jerusalém como o umbigo da terra ocorre no Livro dos Jubileus ( uma releitura do livro de Gênesis, obra essa que foi composta em hebraico na Palestina nos tempos do Segundo Templo). A importância de Jerusalém, sua localização privilegiada e a sua centralidade no âmbito da sua região são certamente mencionados em textos anteriores judaicos, mas é só no segundo século a.C, em Jubileus, que encontramos pela primeira vez uma imagem clara cartográfica do mundo como um todo, com Jerusalém colocada no seu centro e chamada de "umbigo" da terra". 


Mesmo no antigo mapa do mundo de Ptolomeu (séc.II), reconstruído na Idade Média a partir de seu antigo livro, podemos observar que a região onde fica Jerusalém é mais ou menos central: 


  "O mapa mais antigo sobrevivente da Palestina é um grande mosaico colorido no chão de uma igreja bizantina do século VI, em Madaba, na Jordânia. Apesar de várias seções do mapa terem sido destruídas, a representação de Jerusalém, vista aqui, está em grande parte intacta". 

Vejamos o "pedaço" da cerâmica bizantina que apresenta a "Santa Cidade de Jerusalém" (é o que diz a inscrição em língua grega, na parte superior da imagem, conforme se pode observar infra). Segundo meu professor, que visitou a cerâmica, Jerusalém está mais ou menos no centro, revelando a cosmovisão antiga que considerava Jerusalém como situada no centro do mundo. Vejamos imagens especificamente da parte que apresenta a Cidade Santa: 



  Vejamos uma imagem mais ampla do mosaico:


No período medieval, a cosmovisão de que Jerusalém estaria no umbigo do mundo é fortemente representada nos mapas, como dissemos supra. O mapa recolhido para a catedral de Hereford é um exemplo disso: Jerusalém se encontra num lugar central. Eis o mapa (de cerca de 1300):


Outro mapa medieval bastante interessante (séc.XVI) mostra Jerusalém no centro do mundo e no cruzamento entre os continentes (HEINRICH BÜNTING, Alemanha, 1545-1606).


Veja, no detalhe, Jerusalém no centro do mundo:


Esta cosmovisão antiga pode ser observada na Bíblia. No Novo Testamento, por exemplo, vemos a Igreja de Jerusalém como o centro irradiador do Evangelho para o mundo.

No Antigo Testamento, a esperança do povo de Israel era de que o Messias reinaria em Jerusalém, a qual seria o centro do mundo, o centro do reino teocrático regido pelo Messias:

Isaías 2.1-4:

Palavra que viu Isaías, filho de Amós, a respeito de Judá e de Jerusalém. 


E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do SENHOR no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações. 



E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte do SENHOR, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do SENHOR. 



E ele julgará entre as nações, e repreenderá a muitos povos; e estes converterão as suas espadas em enxadões e as suas lanças em foices; uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerrear.

A esperança futurista dos cristãos prevê a nova Jerusalém como cidade sede da nova realidade escatológica instaurada por Deus:

Apocalipse 21:1-3; 22-27:


 E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. 


E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido. 



E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus.


E nela não vi templo, porque o seu templo é o Senhor Deus Todo-Poderoso, e o Cordeiro. 


E a cidade não necessita de sol nem de lua, para que nela resplandeçam, porque a glória de Deus a tem iluminado, e o Cordeiro é a sua lâmpada. 



E as nações dos salvos andarão à sua luz; e os reis da terra trarão para ela a sua glória e honra. 



E as suas portas não se fecharão de dia, porque ali não haverá noite. 


E a ela trarão a glória e honra das nações. 

E não entrará nela coisa alguma que contamine, e cometa abominação e mentira; mas só os que estão inscritos no livro da vida do Cordeiro.