Narcotraficantes obrigados pelo líder a ler a Bíblia
O apelido El Más Loco tem a sua razão de ser. O líder impõe aos 9 mil filiados a leitura diária da Bíblia e a obrigação de frequentar cursos de aperfeiçoamento espiritual. Também são obrigados a ler as obras do pastor evangélico norte-americano John Eldredge. Sem querer, Eldredge virou guru de sanguinários narcotraficantes organizados.
Os membros desse cartel estão obrigados a seguir um código de ética, com todas as ambiguidades decorrentes do fato de ter sido produzido pela cabeça de um chefe que faz jus ao apelido. Nesse código está escrito, por exemplo, que o membro da organização não pode consumir bebidas alcoólicas nem usar cocaína, anfetaminas ou maconha.
Para eles, não vale nem a descriminação recém-prevista na lei mexicana para pequenas quantidades de drogas destinadas ao uso próprio. No México, permite-se a posse para consumo de até 5 gramas de maconha, meio grama de coca/a, 50 miligramas de heroína-, 40 miligramas de metanfetaminas e 0,015 miligrama de ácido lisérgico (LSD). Como os integrantes da La Familia Michoacán devem ser fiscalizados pela população, o chefão El Más Loco determinou o uso de camiseta com as iniciais FM estampadas.
Nos muros das cidades de Michoacán e Guerrero, sempre aparecem escritos para lembrar a “filosofia” da organização: “La Familia não mata por dinheiro, não elimina mulheres nem inocentes. Ataca apenas aqueles que fazem por merecer. Promovemos a justiça divina e protegemos a população da escória criminosa”.
Por ironia, o cartel nasceu na cidade de Michoacán, de onde é natural o presidente mexicano Felipe Calderón. Sua fundação data de setembro de 2006 e a penetração no Estado ocorreu de forma muito rápida, com muitas ações sociais e até assessoria de imprensa, esta a cargo de Dionisio Loya Plancarte, vulgo El Tio. Até agora, já foram presos e condenados dez prefeitos e oito chefes de polícia por envolvimento com La Familia, que também explora a extorsão mediante sequestro.
La Familia logo se espalhou pela região conhecida por Tierra Caliente, que vai de Acapulco à fronteira com a cidade norte-americana de San Diego. Hoje, a organização criminosa tem presença em 30 cidades dos EUA e mais de vinte Estados mexicanos. Tudo isso sem prejuízo de também cuidar da distribuição de cocaína e de drogas sintéticas psicoativas para Holanda, Bélgica e China.
O chefe militar do cartel é Servando Gómez Martínez, apelidado de Tuta, responsável por ações que já mataram centenas de policiais. Nas ações espetaculares, o braço armado do cartel espalha panfletos, sempre com a mesma mensagem: “Reflitam se vale a pena prender um dos nossos”.
Com a prisão dos irmãos Arellano Félix, do cartel de Tijua-na (presente no filme Traffic), a Familia Michoacán aumentou seus domínios e passou a operar a maior parte do tráfico de drogas no Golfo da Califórnia. Mais ainda, hoje o cartel controla a passagem pela região de Tijuana e coloca drogas em Los Angeles. O caminho inverso serve para o recebimento de armas e munições, compradas nos EUA.
Projeções realizadas pela CIA mostram que todos os dias entram no México, pela fronteira com os EUA, cerca de 2 mil armas de fogo. No arco de 2006 a setembro de 2009, foram apreendidos 4,8 milhões de projéteis de armas de fogo made in USA. No mesmo período ocorreram 35.943 apreensões de armas de fabricação norte-americana no México.
O cartel liderado por El Más Loco – um dos oito mais potentes do México – está em permanente guerra com os do Golfo, cujos membros da ala armada são conhecidos por Los Zetas, e do cartel Milenio, que planta maconha e papoula em Michoacán. O chefão do cartel do Golfo, Osiel Cárdenas Guillén, está preso. Os irmãos Valencia, do cartel Milenio, perderam força com a desarticulação do cartel colombiano de Medellín.
Para os 007 da CIA, o cartel de Sinaloa, comandado por Joa-quín Guzmán, conhecido como El Chapo e tido como o mais rico, celebrou aliança com La Familia Michoacán, e o presidente Barack Obama sabe que os EUA são os grandes fornecedores de armas e munições para os cartéis mexicanos.
Num pano rápido, Obama não vai entrar na “guerra às drogas” no México. Nem que fosse para usá-la como pretexto para a implantação de bases militares, como foi projetado para a Colômbia. Alguns dados recolhidos pelos 007 da CIA impressionam a Casa Branca: 1. Cerca de 90% da cocaína consumida nos EUA passa antes pelo México. 2. Os cartéis mexicanos contam com mais de 500 mil membros e estão mais bem armados do que os agentes do Estado. 3. 45 mil policiais e soldados são empregados na “war on drugs” (guerra às drogas) do presidente Calderón. 4. Foram registrados 10 mil mortos durante a guerra iniciada, em dezembro de 2006, pelo presidente mexicano.
Fonte: Sem Fronteiras / Gospel+
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