A campanha ateísta iniciada em Londres e que cruzou o Canal da Mancha, ganhou os ônibus urbanos de Barcelona e deve chegar a Madri, Valência, Sevilha e Bilbao, na Espanha, preocupa o Vaticano, que qualificou-a de “carnaval”, própria de um ateísmo “intelectualmente pouco sério”.
Nem Marx, nem Nietzsche, nem Sartre teriam feito esse tipo de publicidade, declarou o assessor do papa para assuntos culturais, dom Gianfanco Ravasi. A campanha busca a “banalização” do tema, numa “completa superficialidade”. A campanha fica na “zombaria” e no “sarcasmo” e renuncia estudo a fundo do argumento existencial, agregou.
Em outubro do ano passado, campanha iniciada pela escritora Ariane Sherine na rede mundial de computadores arrecadou, em menos de 24 horas, quase 60 mil euros usados na colocação de cartazes nas laterais de 30 ônibus de Londres, pelo período de um mês. Os cartazes anunciavam: “Provavelmente Deus não existe. Então, parem de se preocupar e aproveitem a vida”.
Sherine teve a idéia da campanha depois de ler, em página eletrônica, que os ateus passariam a “eternidade no inferno e ardendo em um lago de fogo”. A campanha quer fornecer uma “contramensagem tranqüilizadora” aos que se sentem ameaçados pelo fervor religioso, contra os pregadores e igrejas que lembram ardentemente aos não-cristãos o que os espera depois da morte.
“Nós, ateus, queremos um país secularista, um governo secularista, uma escola secularista”, explicou Sherina ao jornal The Guardian. A Associação Humanista Britânica e o professor Richard Dawkins, da London School of Economics, aderiram de imediato à campanha de Sherine. Na Espanha, a campanha tem o incentivo da União de Ateus e Livre-Pensadores.
Ravasi argumentou que “é possível estabelecer um diálogo frutífero e interessante com os ateus pensantes, ao contrário do que ocorre com o ateísmo não-pensante, que só está disposto a ridicularizar e banalizar”.
Na Inglaterra, porta-voz do arcebispo de Westminster, da Igreja Anglicana, frisou que “a fé cristã não prega a preocupação ou a proibição de aproveitar a vida. Ao contrário, a nossa fé nos livra dos temores, colocando a vida na perspectiva certa”.
Em nota pública, a Igreja Metodista britânica agradeceu ao professor Dawkins pelo seu “contínuo interesse em Deus, pois ele encoraja, em livro que publicou a respeito, as pessoas a pensarem no problema da existência ou pelo menos do Criador, e isso é, em si mesmo, positivo.
Fonte: Portas Abertas / ALC Notícias
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