O Ministério do Turismo israelense afirma que, dos 3,4 milhões de turistas esperados no país até o fim de dezembro, 2,4 milhões devem ser cristãos. Metade deles, segundo as autoridades, também visitam a cidade de Belém, na Cisjordânia –administrada pelos palestinos.
Afirmando que o seu ministério “não faz política”, o vice-diretor-geral de Turismo israelense, Raphael Ben Hur, ressalta os benefícios econômicos da cooperação com a ANP (Autoridade Nacional Palestina).
“Não temos nenhuma disputa no que diz respeito aos peregrinos na Terra Santa, porque isso é uma ponte para a paz”, diz ele.
“Com todo o respeito aos políticos, eu preciso dizer que é muito difícil dividir a Terra Santa. Você não pode dizer a um hóspede, ‘venha para Jerusalém e não venha para Belém’.”
No entanto, devido a medidas de segurança de Israel, quase todos os turistas precisam entrar em Belém a partir de Jerusalém, atravessando um posto de checagem israelense e passando pelo muro de separação de oito metros de altura que cerca a cidade.
A estimativa é de que 2 milhões de visitantes façam a viagem até a Cisjordânia até o fim de 2010.
Ocupação embelezada
Autoridades palestinas dizem que o papel da política não pode ser subestimado.
“Há muitas questões que estão enraizadas no conflito político”, diz o ministro do Turismo palestino, Khaloud Daibes.
“A ocupação não pode ser embelezada. Israel ainda está monopolizando o turismo para seu próprio benefício e colocando muita pressão sobre o nosso lado.”
Israel –que ocupa a Cisjordânia e Jerusalém Oriental desde 1967– restringe seriamente a movimentação da população no território palestino, alegando preocupações com segurança.
Daibes diz que Israel também controla sítios arqueológicos em terras reivindicadas pelos palestinos e não permite que eles tenham um aeroporto próprio.
Natividade
Ainda assim, enormes grupos de turistas admiravam as luzes de Natal na Praça da Manjedoura este ano, enquanto esperavam em fila para entrar na Igreja da Natividade, em Belém.
Na gruta embaixo da igreja, o guia israelense Mikey Horesh apontava a estrela que marca o local onde Jesus teria nascido.
Horesh fez esta turnê pela primeira vez há 15 anos, mas houve um longo hiato depois disto. As autoridades israelenses não permitiam que guias israelenses entrassem na Cisjordânia por questões de segurança após as intifadas (levantes palestinos).
Em 2010, Horesh conseguiu fazer parte de um grupo de cem guias e motoristas de ônibus israelenses que receberam uma licença especial do governo para voltar a Belém como parte de um projeto piloto.
“Nós sentimos muita falta disso porque é parte da turnê dos peregrinos”, disse ele à correspondente da BBC em Jerusalém Yolande Knell.
“Nós tínhamos que fazer os turistas cruzarem a fronteira, passarem pelo posto de checagem, pelo controle de passaporte, para então se encontrarem com um guia e um ônibus palestinos. Nós não sabíamos o que estava acontecendo.”
Temor por restrições
As autoridades palestinas querem agora que seus guias licenciados possam trabalhar em Israel, o que, segundo eles, estaria previsto em acordos assinados pelos dois lados.
No entanto, segundo a repórter da BBC, eles temem que as restrições aumentem, afetando até mesmo aqueles com residência israelense, vivendo em Jerusalém Oriental.
Recentemente, um grupo de parlamentares israelenses propôs uma legislação que requer que grandes grupos de turismo visitem Jerusalém acompanhados por um guia com cidadania israelense. Eles alegam que os palestinos poderiam apresentar uma versão tendenciosa da história.
Fonte: Folha Online
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