ÍNDIA - Em Churachandpur, situada na região nordeste da Índia, homens rezam em uma sinagoga pedindo a Deus pelo retorno de sua tribo a Israel, país que nunca viram e de onde seus ancestrais foram tirados há quase 3.000 anos.
"A Índia não é o nosso país", diz Haniel Reuben, 72 anos, um dos mais velhos anciãos da comunidade. Ele conta que a tribo é descendente de Manassés, uma das tribos perdidas de Israel.
Segundo ele, a tribo foi exilada em 720 a.C., pelos conquistadores assírios, que viviam ao norta da Mesopotâmia, atual região norte do Iraque.
"Nossos ancestrais migraram e se instalaram aqui. Nosso país é Israel e nós encontraremos o nosso povo, cedo ou tarde", afirma Reuben, que reside nas colinas da capital de Manipur, Imphal.
A comunidade dos Bnei Menashe tem cerca de 7.200 membros da tribo Kuki-Chin-Mizo instalados em dois estados do nordeste da Índia, Mizoram e Manipur, perto da fronteira com o Mianmar.
Sua história é marcada por séculos de exílio através da Pérsia, Afeganistão, Tibete e China, e suas tradições religiosas são as do judaísmo, inclusive o rito da circuncisão.
Na Índia, foram convertidos ao cristianismo por missionários no século XIX. Ao ler a Bíblia, reconheceram histórias relacionadas com as suas próprias tradições, o que os converteu novamente à religião judaica.
"Nós somos uma tribo perdida", insiste Reuben. Oro rês vezes ao dia e olhopara o oeste, "na direção de Jerusalém", pedindo a Deus oportunidade de retornarmos à nossa pátria.
As reivindicações dos Bnei Mesashe, rejeitados por outros membros da Kuki-Chin-Mizo, já começaram a atrair a atenção de organizações judaicas que procuram identificar o "judeus perdidos" nos anos 1980.
No final de 1990, membros da Bnei Menashe fizeram uma viagem a Israel, onde foram oficialmente convertidos e depois instalados.
Mas o verdadeiro avanço aconteceu no ano de 2005, quando o rabino sefardita de Israel, Shlomo Amar, reconheceu toda a comunidade como "descendentes de Israel", abrindo caminho para o seu "direito de retorno".
Com a mudança política em Israel em 2007, o repatriamento foi suspenso, só tendo sido retomado em julho passado, quando o Comitê Ministerial de Imigração e Absorção autorizou o retorno.
"Este é um projeto enorme. É muito complicado porque requer o envolvimento de todos os departamentos governamentais", comenta o representante indiano Phaltual Yochanan, para o Shavei Israel, uma organização de Israel que ajuda descendentes de judeus em todo o mundo.
O líder da Shavei Israel, Michael Freund, que fez campanha durante anos em nome dod Bnei Menashe: "Este é apenas um processo burocrático e como todos os processos burocráticos, leva tempo", declara.
Na sinagoga de Churachandpur, uma cidade a cerca de 60 km de Imphal, Shlomo Haokip dá aulas de hebraico há quatro anos para preparar os candidatos do retorno.
"Conhecer o hebraico é um dos requisitos para uma conversão formal ao Judaísmo em Israel", diz este homem de 26 anos.
Talya Bem, viúva, 45, aguarda ansiosamente a sua partida: "Eu nasci judia, vivo na Índia, mas meu coração está em Israel. Eu quero ir para lá assim que possível. Aqui, não podemos seguir todos os mandamentos da Torá", diz a mãe de três filhos.
Seguir a dieta da religião judaica é difícil na Índia: "Nada é kosher aqui. Todos os restaurantes servem carne de porco e tememos que o nosso alimento seja misturado com ele", afirma Phaltual. Ele também ressalta que o sonho de retorno a Israel é alimentado somente pelo mesmo desejo de seus ancestrais: "A maioria da nossa comunidade está bem estabelecida. É absolutamente falso dizer que as considerações econômicas motivam o nosso sonho", finaliza.
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